Neymar, Dudu, Nestor: evolução das cirurgias do joelho evita fim precoce de carreiras.
A essência do futebol se constituiu de craques com ginga, dribles, arrancadas e mudanças de direção, com desacelerações repentinas e descobertas de espaços. Graças à intuição e à criatividade, mas também à mais delicada e detalhista articulação do corpo. A história do futebol brasileiro, por seu conjunto de lances mirabolantes, sempre esteve ligada aos joelhos de seus jogadores.
São inúmeros os talentos que tiveram carreiras abreviadas por conta de rupturas de ligamentos, meniscos e problemas nas cartilagens: Reinaldo (Atlético-MG, anos 70), Zico (Flamengo, anos 90) e Garrincha. Atualmente, porém, com inúmeras técnicas nas intervenções e tratamentos, jogadores com problemas similares costumam ter carreira mais prolongada. A revolução nestas cirurgias também beneficia os atletas amadores, como corredores de fim de semana e aqueles que gostam de jogar seu futebol no fim de semana.
Nas últimas semanas, importantes nomes do futebol brasileiros sofreram graves lesões no joelho. Em julho, Dudu, do Palmeiras, rompeu o ligamento cruzado anterior e menisco. Em outubro, Neymar, do Al-Hilal, sofreu contusão muito semelhante durante um duelo entre Brasil e Uruguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Nesta semana, Rodrigo Nestor, meia do São Paulo, teve uma ruptura do ligamento colateral do joelho esquerdo.
Por que lesões no joelho costumam ser as mais graves?
Por ser uma das maiores articulações do corpo, responsável por sustentar o peso, o joelho é um fator determinante para a prática do futebol. Ao propiciar estabilidade, é ele que permite que o craque realize o que pensou. Quando o joelho não funciona bem, é como se, para um violinista, a corda de um violino estourasse durante uma apresentação.
Segundo estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), 72,2% das lesões são nos membros inferiores, com o joelho ocupando a terceira colocação (11,8%) depois do tornozelo (17,6%) e da coxa (34,5%). "Evidente que nos anos 70 não seria possível obter o resultado que encontramos hoje, por causa da falta de conhecimento, de capacidade de avaliação e técnica operatória inadequada, situações compatíveis com o tempo que se vivia na época", diz o ortopedista José Luiz Runco, médico da seleção nas Copas de 1998 e 2002, entre outras.
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